sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Guerra das Malvinas

O aniversário de 30 anos da Guerra das Malvinas reacendeu a memória de um conflito que divide até hoje argentinos e britânicos. Em fevereiro, o governo argentino pediu a reabertura de negociações sobre a soberania das ilhas e acusou o Reino Unido de militarizar a área após o envio de um navio britânico. 

A campanha pela retomada das negociações ganhou o apoio do argentino Adolfo Pérez Esquivel, que lidera um documento assinado por um grupo de seis prêmios Nobel da Paz. Já o Reino Unido, onde o arquipélago é conhecido como Falklands, prepara uma comemoração discreta para lembrar as três décadas em que venceu o conflito. 

A guerra começou em 2 de abril de 1982 após a Argentina invadir o arquipélago que considera sua extensão territorial histórica. O país entende que, ao se tornar independente em 1822, passou também a controlar as ilhas, que pertenciam aos espanhóis. Já os britânicos afirmam que dominam a região desde 1833, quando ocuparam e colonizaram o arquipélago. 

Para os historiadores, o início da guerra foi a arma do ditador argentino, general Leopoldo Galtiere, para dar fôlego ao governo militar, já agonizante no país. A então primeira-ministra britânica Margareth Thatcher, que enfrentava uma crise de popularidade, reagiu com força. 

Nas primeiras semanas de abril a Junta Militar tentou acenar com a ideia de aplicar oTratado Interamericano de Defesa (Tiar) e esperava o respaldo dos Estados Unidos. Galtieri tinha a certeza de que o presidente Ronald Reagan estava agradecido pelo combate ao comunismo feito pela ditadura argentina. Os generais argentinos diziam que tinham um grande aliado: o "general inverno". Além disso, afirmavam que as tropas inglesas chegariam desgastadas pela longa viagem até o arquipélago. 

No final de abril, 28 mil soldados em 100 navios chegaram ao arquipélago para defender seus 1.800 habitantes, considerados por Thatcher parte da “tradição e reserva britânica”. A Argentina contava com uma tropa com 12 mil soldados nas ilhas e cerca de 40 navios. 

No dia 2 de maio, os britânicos afundaram o navio argentino General Belgrano, matando todos os 326 tripulantes. Dois dias depois, a embarcação britânica HMS Sheffield foi atingida por um míssil Exocet e afundou deixando 20 mortos. 

O tom propagandístico da ditadura tornou-se mais religioso, e os militares argentinos alertavam contra o inimigo "ateu, pornógrafo e protestante" e evocavam a proteção da Virgem de Luján. Simultaneamente, em um verdadeiro show de travestismo ideológico, a ditadura procurava o respaldo da Líbia de Muamar Kadafi e da URSS e mandava emissários à cúpula de países não-alinhados naCuba de Fidel Castro. Enquanto isso, no Atlântico Sul os mútuos ataques aeronavais continuavam. 

A guerra, que durou 75 dias, só acabou em 14 de junho, com a rendição dos argentinos. Ao todo, 258 britânicos e 649 argentinos morreram no conflito. 

As relações diplomáticas entre o Reino Unido e a Argentina só foram retomadas em 1990, mas ainda há rusgas. Desde então, o governo argentino mantém uma reivindicação pacífica das ilhas, mas o Reino Unido diz que a soberania do território não está em negociação. 

Cerca de mil soldados britânicos patrulham as Malvinas e estão envolvidos em ações como construção de estradas e monitoramento de campos minados.

Exceto pela defesa, os cerca de 2,9 mil moradores da ilha atualmente são autossustentáveis. A venda de licenças para pescar garante boa parte da arrecadação, mas a agricultura também é importante. O Reino Unido explora a área ainda em busca de petróleo. 

O turismo também vem crescendo ao longo dos anos no arquipélago, que recebe cerca de 5 mil cruzeiros por ano de turistas interessados na rica diversidade marinha e nas colônias de pinguins.


“Es la pelea de dos calvos por un peine” (“É a briga de dois carecas por um pente”), 
Jorge Luis Borges, sobre a futilidade de uma guerra por um arquipélago árido. 

“Malvinas para los pingüinos!” (“A Malvinas para os pinguins”), inscrição bem humorada em camisetas impressas no Brasil durante a guerra, fazendo referência aos animais que são maioria no arquipélago disputado entre Argentina e Grã-Bretanha 


“Estas ilhas não produzem coisa alguma. Neve, granizo e gelo. O ar está sempre úmido. Os alimentos daqui reduzem-se a peixe. É para mim este um país cruel. O reino deverá subsidiá-lo”, Frei Felipe de Mena, clérigo espanhol, em 1767 

“Hubieran sido amigos, pero se vieron uma sola vez cara a cara, em unas islas demasiado famosas, y cada uno de los dos fue Caín, y cada uno, Abel” (“Teriam sido amigos, mas viram-se uma única vez cara a cara, em umas ilhas famosas demais, e cada um dos dois foi Caim e cada um, Abel”), trecho do poema “Juan López e John Ward, de Jorge Luis Borges, sobre dois soldados – um britânico e outro argentino – amantes da literatura do país do outro, que matam-se mutuamente na Guerra das Malvinas


(Fonte: Wikipedia/ Estadao)



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