quinta-feira, 23 de maio de 2013

Coreia do Norte - Conflitos

COREIA DO NORTE AMEAÇA "DESTRUIR" JAPÃO EM CASO DE CONFLITO- 10 de Abril de 2013

A Coreia do Norte ameaçou nesta quarta-feira transformar o Japão em um "campo de batalha", com possíveis ataques as suas principais cidades, entre elas Tóquio, Osaka e Kioto, caso os japoneses produzam movimentos que provoquem o início de um conflito armado.

Em um editorial publicado hoje pelo jornal Rodong Sinmundo, pertencente ao partido único norte-coreano, o regime também ameaça causar a "destruição" do Japão se esse país agir politicamente contra a Coreia do Norte, em um momento de elevada tensão na península coreana pelas contínuas ameaças bélicas norte-coreanas.

"O Japão está perto do nosso território e, portanto, não poderá fugir dos nossos ataques", detalha o editorial, que cita cinco cidades japonesas, nas quais se encontra um terço dos 127 milhões de japoneses, como possíveis alvos militares.

O editorial norte-coreano denuncia que o Japão posicionou vários contingentes militares na costa em frente ao país comunista,e promete que, "se houver um ato de guerra, todo o território do arquipélago japonês se transformará em um campo de batalha".

Pyongyang também reitera sua ameaça contra as bases militares dos EUA em território japonês: "o Exército da Coreia do Norte é absolutamente capaz de fazer saltar pelos ares as bases militares, não só no Japão, como em outras áreas da região Ásia-Pacífico".

"O atual regime japonês está optando pelo risco militar, intensificando sua política hostil à Coreia do Norte, em linha com a política dura dos EUA de reprimir com a força das armas", assinala o editorial.

Na terça-feira, perante a possibilidade de Pyongyang realizar em breve testes de mísseis, o Japão desdobrou no centro de Tóquio sistemas antimísseis terra-ar. Esses sistemas instalados na capital serviriam para derrubar projéteis no caso de um hipotético ataque escapar dos destróieres que o Japão tem localizados no Mar do Japão.




RETORICA BELICISTA DEIXA O MUNDO EM ALERTA


Desde sua chegada ao poder em dezembro de 2011, o governo do líder norte-coreano, Kim Jong-un, vem intrigando o mundo com suas relações com a Coreia do Sul. A primeira impressão de que Kim, por sua juventude, poderia representar um reinício nas tensas relações entre os países acabou por não se confirmar. Ao contrário, nos últimos meses a Coreia do Norte vem tentando dar demonstrações de força e expor que está preparada para uma eventual guerra.

Em dezembro de 2012, o país lançou um foguete ao espaço, o que seus adversários consideraram ser um teste disfarçado de um míssil balístico capaz de atingir até os Estados Unidos. Em fevereiro de 2013, realizou o terceiro teste nuclear de sua história e adotou uma retórica belicista sem antecedentes. Para a perplexidade da imprensa internacional, a mídia estatal norte-coreana divulgou uma série de vídeos anunciado um iminente ataque aos Estados Unidos e o regime, passo a passo, foi anunciando a desconstrução do precário armistício que vigorava desde o fim da Guerra da Coreia em 1953.

No anúncio mais grave até este momento, o país declarou, em 30 de março, que se encontra em "estado de guerra" com a Coreia do Sul, no que seria uma reação aos exercícios militares conjuntos entre os Exércitos sul-coreanos e americanos. Veja a seguir o histórico da relação entre as duas Coreias e como a situação chegou a este estado de guerra iminente.

LINHA DO TEMPO

1905 - Japão declara a Coreia como protetorado
1910 - Japão anexa a Coreia
Julho de 1945 - Na Conferência de Potsdam, EUA e União Soviética chegam a um acordo para ocupar a Coreia, dividindo o país no paralelo 38, quando o Japão for derrotado na Segunda Guerra Mundial
15 de agosto de 1945 - O Japão se rende
10 de agosto e 9 de setembro de 1945 - Tropas russas ocupam a Coreia ao norte do paralelo 38; tropas americanas chegam a Seul
Agosto de 1948 - Syngman Rhee proclama a República da Coreia ao sul do paralelo 38
Setembro de 1948 - Kim Il-sung proclama a República Popular Democrática Coreia. Nenhum dos lados admite a legitimidade do outro
25 de junho de 1950 - A Coreia do Norte invade o Sul, iniciando a Guerra da Coreia
27 de junho - O Conselho de Segurança da ONU aprova resolução condenando a Coreia do Norte como agressora e convocando seus membros para agir em apoio à Coreia do Sul
28 de junho - A Coreia do Norte captura Seul, capital do Sul
4 de agosto - Tropas americanas invadem a Península Coreana, iniciam retomada do território sul-coreano e posterior avanço sobre o Norte
20 de outubro - Tropas americanas alcançam Pyongyang, capital do Norte
Novembro - A China entra na guerra e inicia retomada de território norte-coreano
1951 - Com a chegada da China, a guerra chega a um impasse, com confrontos travados principalmente na área do paralelo 38
27 de julho de 1953 - Após dois anos de negociações, EUA, Coreia do Norte e China alcançam um armistício - sem chegar a um acordo de paz
1991 - As duas Coreias fazem uma declaração conjunta para manter a península livre de armas nucleares
1993 - A Coreia do Norte se retira do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) após suspeitas de que possui um programa de armas nucleares
1994 - Morre Kim Il-sung, líder da Coreia do Norte desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em seu lugar, assume o filho, Kim Jong-il. Pyongyang faz um acordo com os EUA para congelar seu programa nuclear em troca de ajuda ocidental
2000 - O presidente sul-coreano, então Kim Dae-jung, promove o primeiro encontro com a sua contraparte norte-coreana, Kim Jong-il, desde o fim da Segunda Guerra. Acordos de cooperação são assinados e famílias separadas pela guerra podem se reencontrar
29 de janeiro de 2002 - O presidente americano, George W. Bush, declara a Coreia do Norte como parte do "eixo do mal"
Junho de 2002 - Cerca de 30 marinheiros norte e sul-coreanos morrem em confronto armado no Mar Amarelo
2003 - Após voltar a ser acusada de ter um programa de armas nucleares, a Coreia do Norte se retira de novo do TNP
2005 - A Coreia do Norte anuncia que possui a bomba nuclear
9 de outubro de 2006 - A Coreia do Norte faz seu primeiro teste nuclear
25 de maio de 2009 - A Coreia do Norte faz um segundo e mais potente teste nuclear
26 de março de 2010 - O navio de guerra sul-coreano Cheonan afunda, provocando a morte de 46 tripulantes. Uma investigação aponta que um submarino norte-coreano causou o afundamento
Dezembro de 2011 - Morre o líder norte-coreano Kim Jong-il e em seu lugar assume Kim Jong-un
12 de fevereiro de 2013 - A Coreia do Norte realiza seu terceiro teste nuclear
29 de março de 2013 - A Coreia do Norte declara que entrou em estado de guerra com o Sul



A MIDIA FAZ O "CONFLITO FRIO" DA COREIA DO NORTE

Por Edgar Leite em 16/04/2013 na edição 742

Procura-se um inimigo “número um” para o mundo! Esse seria o anúncio dos sonhos do mundo ocidental para o “conflito frio” em que se envolve a Coreia do Norte. O líder coreano Kim Jong-un, também conhecido como Kim Jong-woon, passou a ser o vilão ameaçador de nações como Estados Unidos e Coreia do Sul. Um norte-coreano mais irritado diria que ele é vítima de bullying mundial. Mas é dele a ameaça de travar uma “guerra sem quartel” contra dois países. Também de que se iniciam manobras militares considerados pelo regime de Pyongyang como um ensaio para invasões.

Vejamos o que disse o jornal norte-coreano Rodong, órgão oficial do partido único norte-coreano, citado pela agência EFE. “A nossa linha de frente militar, do exército, da marinha e da força aérea, as unidades antiaéreas e as de mísseis estratégicos, que já se encontra na fase de guerra sem quartel, aguardam a ordem final para atacar.” Mais: “Os regimes fantoche dos Estados Unidos da América e da Coreia do Sul serão transformados num mar de fogo num piscar de olhos” se a guerra explodir, alertou o jornal.

A afirmação acima de “conflito frio” é adequada neste momento. A Coreia do Norte, com seu líder máximo, traz à tona a lembrança da antiga “Guerra Fria”. Este, sem dúvida, foi um período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética (URSS). Cada um desses países, a cada divergência político-ideológica, ameaçava “apertar o botão” da bomba atômica e destruir o mundo. O período durou desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945) à extinção da União Soviética (1991). Em resumo, foi um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência. Uma disputa entre o capitalismo, representado pelos Estados Unidos e o socialismo, onde fora suprimida a propriedade privada, defendido pela União Soviética. Hoje, volta-se a uma “Guerra Fria” com um único inimigo: a Coreia do Norte. É chamada “fria” porque não existe ainda uma guerra direta, ou seja, bélica, como também não ocorreu entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear.

Falta de critérios

A cobertura da imprensa sobre o caso norte-coreano tem se pautado por agências de notícias internacionais, mas, evidentemente, com viés ocidental: os coreanos são vistos como os ameaçadores do mundo de paz. Kim Jong-un – apresentado como “Grande Sucessor” de seu pai, morto em 2011, pela televisão estatal norte-coreana – é para a grande imprensa quase um “Saddam Hussein”. Não se espantem se Kim Jong-un for o próximo vilão nos filmes de Batman, Superman ou James Bond. É verdade que Kim Jong-um, nascido em 1983, estudou na Suíça, embora tenha renunciado às influências ocidentais quando regressou. Mas, aqui, talvez falte à mídia brasileira e mundial, ao menos tentar ouvir o outro lado dessa ameaça de confronto. Colocar o princípio básico do jornalismo que é investigar e tentar ouvir o outro lado. Mas, parece não haver muito interesse nisso.

Recentemente, por exemplo, relatos irresponsáveis de canibalismo sem confirmação ou verificação foram divulgados na mídia sobre a Coreia do Norte.

O jornal Britain’s Daily Mail chegou a dar a manchete “Pais norte-coreanos comem seus filhos depois de ficarem loucos por causa da fome”, numa falta total de critérios.

Com menos de 30 anos, sem experiência militar e política e uma biografia pouco conhecida pela própria população, Kim Jong-un passa a ser o alvo, o inimigo número um, dentro de um “conflito frio” que faz lembrar os tempos de “Guerra Fria” entre duas superpotências. Mas é preciso que a imprensa tenha prudência.

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